A palavra pulsa, palpita,
Procura propagar-se,
Dialoga com o silêncio
E anseia sair,
Tornar-se som, imagem,
Ser palpável,
Possível a mais alguém.
Palavra passeia interior-mente
... mesmo enquanto durmo,
Como linha costurando atos,
Desejos, memórias,
Sonhos, expectativas, histórias.
Palavra é ponto que me borda,
Direito e avesso, luz e sombra,
Externando a natureza das estações.
Palavras não se calam sequer ao sono.
Acalmam-se, talvez...
Para pulular cedo, pelas manhãs,
Provendo papel, tela,
Tecendo sorrisos e inevitáveis lágrimas.
Palavras passam por mim como ponte,
Me atravessam sem pedir licença.
Elas se impõem...
E só assim sossegam,
Permitem-se trocar por solitude,
Sobem ao céu de ser
Exibidas, sem precisar descer.
Não podem ser caladas
Em ente transparente
Que se veste delas
Para mover-se no mundo.