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sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

Poema perfeito



Surgirá, um dia, o poema perfeito ?

Aquele com semblante de alvorada,

Síntese de nascer do sol,

Casado com crepúsculo,

Enamorado das horas todas,

Revigorado em berço esplêndido...


Momentos, muitos, há de perfeição

Tecendo histórias.

Muitos, tantos, bordando memórias

De seda... de poesia !...


Um poema perfeito, completo, irretocável, pleno

Pode haver antes do apagar da chama ? 


O peito por ele clama. 




quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

Comida



Nesse paladar particular por palavras

Passeio papilas por poesia

Perscrutando especiarias,

Alquimias possíveis a temperar-me o tempo,

Provando, apurando prazer.


Apetece-me a prosa,

Apraz-me profundamente a poesia,

Prato que repito sem pensar,

Tempero imprescindível do viver.


Há várias formas de comer. 




quarta-feira, 10 de dezembro de 2025

Espaço no tempo

 


Tem faltado espaço no meu tempo

De prazer de escrever.

Idéias me assaltam,

Me desarmam da dureza de atuar no automático,

Do agir sem sentir,

Refrescando-me a mente

Municiada de emoções.


Tem faltado espaço no tempo

Para tirar todo pensamento que me assanha

Para dançar no papel,

Cantar nos palcos do computador,

Pintar a tela do telefone.


Poema é meu nome.




terça-feira, 9 de dezembro de 2025

Ler com mais que olhar

 


Apalpar o papel me é importante,

Quase imprescindível.

Tocar-lhe é aferir pulso da escrita,

Perceber pela pele o palpitar das palavras,

Penetrar o peito pela superfície.


Tê-lo às mãos é perceber perfumes,

Inspirar o que o verbo expira

Pelos poros, interstícios.


Não me satisfaço só com telas,

Careço do toque, de mais sentidos.


Leitura é relação.

Não pode ser só virtual,

Pobre sendo só informação.




sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

Escapismo



Estamos, todos, sempre à antessala do adeus,

No corredor entre o agora e o nunca,

Às portas da despedida certa,

Atravessando incógnitas...


E nos adiamos.

Seguimos adiando abraços e eu te amos,

Como se o depois fosse certo,

Como se fim fosse fantasia,,

Fato somente para os outros,

Distante.


Temos todos a sentença escrita

Deixando evaporar as tintas,

Desdenhando os pincéis de desenhar e colorir presente.


Estamos, todos, às vésperas de estar ausentes,

Esperando por amanhã para fazer,

Pagando pra ver.




     

quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

Composição



Sou inteira sendo pedaços.

A cada passo me construo e me desgasto

Perdendo, polindo arestas,

Tirando espinhos

Para acontecer flor.

Alegria não é sem dor.

Viver pleno é de ser grande e ser pequeno.

Assim, sou inteira e sou pedaços,

Ente do espaço,

Viajante do coração,

Crescendo com soma e subtração. 





quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

A cada manhã

 


Não basta que amanheça do lado de fora.

É imperioso que ser alvoreça a cada manhã.

Que se aclare, renove suas cores,

Dê-se o parto de produzir-se pujante, impulsionado.

Que dê ânimo à alma a cada acordar.


Não basta que céu de fora azule, claro.

Pode bem acinzentar-se, continuando divino.

Importante que se crie céu dentro,

Limpando peito, acalentando coração,

Amanhando a mente

Para escrever dias com delicadezas.


Que brindemos a beleza de viver de novo e mais.